A única crítica que vi não havia sido muito positiva, por isso fui deixando para trás, mas, com a entrada do filme no MUBI, me programei e vi o filme.
Tive uma surpresa positiva. É exatamente o filme que gosto e foi um soco no estômago toda essa história.
Fiquei com muita raiva do que havia acontecido com a personagem Yana (Ia Sukhitas), que é casada com o pastor David (Rati Oneli), e que juntos fazem uma espécie de ensino bíblico para as crianças e adultos de uma vila, adotando os preceitos das Testemunhas de Jeová.
Acontece que o país não tem essa religião como dominante e nem permite a liberdade religiosa como alguns querem que seja.
O filme começa com um incêndio provocado na igreja deles com todos os fiéis dentro, apavorados com o fogo.
Logo, eles ficam sabendo que o incêndio foi criminoso, que a polícia sabia quem tinha sido, mas, sabe como é ...
David e Yana têm um filho pequeno, o Giorgi, que nem pode sair de casa para brincar por medo de que lhe aconteça algo.
Yana tem uma conversa com David, que vai buscar novos investimentos para a construção de uma nova sede, e ela diz que ficaria na vila, que não está bem .
Nesse tempo, um terremoto cai em cima de Yana, com a chegada de um possível detetive na cidade.
A vida dela provavelmente não será a mesma depois disso. É o clímax do filme.
Com a chegada de David, com boas notícias , o casal tem que lidar ainda com os problemas de toda essa intolerância.
Parece que David conseguiu uma promoção para a capital Tiblisi.
Yana terá condições de seguir o marido? O que restará de toda essa religiosidade do casal frente a um povo que não entende de outro tipo de crença ?
Yana tem sanidade suficiente para recomeçar, ou ela mesma já deu início ao seu recomeço?
O filme não te dá respostas, mas, é por isso que é muito bom.
Outra coisa gritante, é a forma com que a diretora trabalha com a câmera, deixando apenas uma pessoa falando e não mostrando o que se passa ao lado, com a outra pessoa. Te dá até aflição.
Outro detalhe é o tempo de algumas ações ou cenas que são prolongados, como se a cena fosse congelada e você ficasse a olhando por alguns minutos, sem som, sem movimentação.
Linda a cena onde as crianças todas bem vestidas de terninho discorrem para a câmera sobre o que significa para elas céu e inferno.
A cena inicial do filme com a explanação do pastor David aos fiéis com a passagem de Abraão tem muita relevância em todo o contexto.
Valeu !
Recomendo a todos fazerem essa reflexão no MUBI.
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