" Meu Bolo Favorito " OU A Solidão na Terceira Idade

 E finalmente assisti ao filme Iraniano " Meu Bolo Favorito " de Maryam Moghhadam e Behtash Sanaeeha.

O filme se passa em Teerã e tem a viúva Mahin (Lili Farhadpour), que é aposentada e trabalhava como enfermeira anteriormente.

Mahin, há 30 anos mora sozinha em sua casa, seus dois filhos moram na Europa, e agora os únicos encontros que tem são com as amigas.

Mahin escuta na última reunião de grupo que deveria conhecer alguém, e foi isso que fez.

Certo dia, em um restaurante de pensionistas, ela ouve uma mesa de quatro homens falando da vida e depois tirando sarro em uma outra mesa que estava Faramarz (Esmail Mehrabi), um taxista, também vive sozinho e almoça ali todos os dias pois não tem ninguém que faça uma comida para ele.

Isso chamou a atenção de Mahin, que o esperou no fim de turno e pediu que ele a levasse para a casa dela.

E mais, pediu que entrasse em sua casa.

Os dois conversavam sem parar, conhecendo um ao outro, e a afeição de um para o outro foi instantânea.

Logo, eles já estavam tomando vinho e comendo.

E depois, dançando, e mais vinho...

O dia só não ficou perfeito por causa de Faramarz, que infelizmente não conseguiu continuar a dançar.

Um bom filme. Bom roteiro. 

" Riley " OU Brotheragem e Autodescoberta

 Assisti ao filme " Riley " de Benjamin Howard, de 2024, que traz o futebol americano em uma high school como pano de fundo e muito mais que isso, a descoberta da sexualidade.

Dakota Riley ( Jake Holley) é o homenzinho de sorte, filho do treinador de futebol americano da escola ( Rib Hillis), e que tem seus privilégios.

Jaeden (Colin McCalla), seu melhor amigo, e também jogador do time, mora com eles provisoriamente, pois foi expulso de casa pelos pais.

Riley tem um namorico com Skylar ( Riley Quinn Scott), também de sua classe, que é amiga dos dois declaradamente gays como Liam ( Connor Storrie).

O problema é que Riley tem problemas com sua sexualidade e definitivamente não é heterossexual.

Ele tem desejos, sonhos e vive em aplicativos de busca de homens, que por sinal, ele se encontra com um mais velho e o filme vira e mexe volta nessa cena.

Muito difícil ter que aguentar tudo isso, e ter que manter a heterossexualidade, por ser filho do treinador, ser jogador de futebol americano e estar para entrar em uma universidade.

O filme trata dessas situações mesmo que superficialmente. Alguém vai se identificar com algumas cenas ou outras.

Valeu !

" Tudo Que Imaginamos Como Luz " OU A Grande Contribuição da Enfermagem

 Assisti ao filme " Tudo Que Imaginamos como Luz " dirigido pela cineasta indiana Payal Kapadia, que foi um dos filmes mais premiados em festivais como Melhor Filme de Língua Estrangeira em 2024.

Apesar disso, não foi o escolhido pela Índia para a disputa do Oscar 2025.

No filme, temos a cosmopolita Mumbai, onde a enfermeira Prabha ( Kani Kusruti) trabalha em um hospital grande e retorna de circular e trem para casa, onde divide com outra colega, a Anu ( Divya Prabha), mais nova e apaixonada por um rapaz muçulmano, o Shiaz ( Hridhu Haroon), que se encontra com ela às escondidas.

Mesmo assim, todos no hospital comentam de Anu, que está saindo com um homem difamando a moça.

Anu não pode contar aos pais que namora um muçulmano, e além disso, o pai envia fotos de homens pretendentes que ele escolheu para casar com ela. 

O dia a dia de Prbha muda quando recebe uma panela de arroz elétrica do marido que está na Alemanha.

Ela guarda apenas mágoas, já que ele não responde a telefonemas e nem à cartas.

Parvathy ( ChhayaKadam), que trabalha no hospital junto com Prabha, tem que entregar a casa por causa de empreiteiros que estão ameaçando se ela não sair do local.

Ela retornará para a sua aldeia e as amigas Prabha e Anu a ajudarão fazer a mudança.

Nesse dia, um novo fato acontece na vida de Prabha que precisará de sentir e decidir que futuro ela quer para ela.

Anu também terá uma prova muito grande de quem são as pessoas que estão ao seu lado.

A cena final do filme é simplesmente maravilhosa. 

    

" NightBitch " OU Canina

 Assisti ao filme " NightBitch " de Marielle Heller que estreou na Disney Plus nessa semana.

O filme tem a ótima Amy Adams como protagonista e o tema é a maternidade.

Pois é, a mãe ( Amy Adams) deixou o seu trabalho de artista plástica, de exposições e toda essa parte criativa que tinha antes de ter o seu filho, para cuidar exclusivamente dele em casa.

O marido ( Scoot McNairy) trabalha fora, e só chega no fim do dia e quando chega.

O trabalho duro e incansável é todo da mãe. Ela não dorme, não descansa, não assiste uma TV, não faz nada, tudo por ter que ficar à disposição de seu filho.

O marido não ajuda em nada.

Ela vai às reuniões com outras mães e filhos e odeia o que vê na frente. Acha patético.

Mas, de uma hora para outra, ela renasce com um furor animal e põe as garras para fora, a fim de trocar esse papel com o marido ou com quem quer que seja.

Ela volta a fazer seus trabalhos, cria uma série de intervenções e monta uma exposição com sucesso.

Um bom filme para entendermos o papel de uma mãe. De uma mãe que larga tudo. E de uma mãe que não para nada e concilia sua vida profissional com a de casa, dividindo as tarefas com o pai.

Na Disneyplus.   

" A Garota da Agulha " OU Filme da Dinamarca que Concorre ao Oscar 2025

 

Assisti ao filme " A Garota da Agulha " de Magnus Von Horn, o escolhido da Dinamarca para a disputa do Oscar 2025, que chegou na MUBI.

O filme data de 1919, final da Primeira Grande Guerra, Copenhagen, e vamos para uma fábrica de tecidos que fabrica uniformes usados na guerra.

Essa fábrica, só de mulheres, encontramos a Karoline ( Victoria Carmen Sonne), que está sozinha, sem o marido que não voltou da guerra, sem dinheiro para pagar o aluguel sendo despejada do apartamento de onde mora.

Ela vai para um lugar insalubre e menor, e pede um adicional para o dono da fábrica por estar viúva.

Jorgen ( Joachim Fjelstrup), o dono, acaba se interessando por Karoline, e os dois têm alguns amassos, a ponto de ela engravidar.

Mas a poderosa mãe do homem ( Benedikte Hansen) tira a moça do raio do filho e ela tem que arcar sozinha com a gravidez, além de ter perdido o emprego.

Nessa toada, Karoline conhece Dagmar ( Trine Dyrholm), que tem uma loja de doces na cidade, uma filha loirinha que anda com ela pra cima e pra baixo, e que frequenta uma casa de banhos onde estava Karoline.

Lá, ela ajuda Karoline e as duas acabam por se aliando nesse pior momento da moça.

Por incrível que pareça, o marido de Karoline reaparece com o rosto todo desconfigurado, pedindo para ficar com ela, que não aceita.

O filme todo em preto e branco te leva junto às trevas com karoline e agora também com Dagmar.

Tudo é muito frio e cruel. Tudo é muito calculado. Tudo é nada.

Um grande filme.

Na MUBI.    

" Witches " OU Psicose/Depressão Pós Parto

 Que filme mais bem feito esse " Witches " da inglesa Elizabeth Sankey, que está disponível na MUBI.

O filme traz imagens e recortes de outros filmes do tema em um edição simplesmente impecável.

Podemos rever tudo quanto é filme de bruxa e de mulheres com saúde mental prejudicada que já vimos até hoje.

Acho que quem mais aparece na tela é Winona Rider com o seu " Garota, Interrompida ".

A diretora faz uma analogia, uma simbiose entre a loucura, problemas mentais, psicose, depressão e ansiedade com o foco das entrevistas que são as mulheres que tiveram sua saúde mental alterada vertiginosamente após a maternidade.

Creio que assistiremos umas cinco ou seis mulheres depondo cada uma delas as particularidades de como ficaram após o nascimento dos seus bebês.

Eu como médico aprendi um pouco mais sobre esses sintomas terríveis que as mulheres apresentam, onde ninguém consegue explicar de onde vem, qual o gatilho, a relação do passado, enfim.

Acho que é uma aula sobre essa patologia que é potencialmente grave e conforme mostrado no filme até mata.

Obra prima. Filme que tem que ser visto, principalmente por mulheres.

Recomendo.

Na MUBI. 

" La Cocina " OU Caos e Roubo na Time Square

 E vamos para o filme " La Cocina " de Alonso Ruizpalacios, que está disponível no MAX e que figura em em algumas listas de premiações de melhores do ano de 2024.

O filme que éi nspirado na peça de Arnold Wesker, começa com a mexicana  Estela ( Anna Diaz), chegando em Nova York sem saber uma palavra de inglês e procurando o restaurante The Grill, na pessoa de Pedro.

Depois de um grande translado ela chega ao restaurante, passa por uma entrevista com nome de outra pessoa e inicia na cozinha.

Somente lá é que encontra esse parente dela, o tal Pedro (Raúl Briones Carmona), um mexicano porreta, que causa na cozinha do restaurante aprontando mil e umas.

O problema da vez é que sumiu na contabilidade do dia nos caixas, uns 834 dólares. Quem roubou ?

O dono do restaurante pede ao gerente que descubra que está trapaceando -o ali na sua cara.

Pedro tem um caso com  Julia (Rooney Mara), que está grávida de 10 semanas dele, mas não quer ter o bebê. quer dinheiro para abortar  em uma clínica.

E os funcionários do restaurantes? Todos imigrantes e ilegais na sua maioria. Uma torre de babel.

Um caos dia após dia com muito barulho, confusão, correria e várias personalidades para conviver em um pedaço de metro quadrado.

A fotografia é belíssima, o filme é todo filmado em preto e branco e o modo como o diretor filma me agrada muito.

A trilha sonora vai com o ritmo frenético da cozinha e te leva junto.

Destaco a cena que os funcionários elencam cada um, o sonho de vida sentado em uma sarjeta nos fundos do restaurante.

Na MAX.

" A Chimera " OU Os Poderes de Arthur

 

Finalmente assisti ao filme " A Chimera ", onde brilha a nossa atriz Carol Duarte como a personagem Itália. O longa foi dirigido por Alice Rohrwacher.

O filme se passa na Toscana, Riparbella, anos 80, e temos um grupinho de " amigos" que são especializados em roubarem as tumbas, ou seja, as oferendas que são deixadas lá para os mortos.

Arthur (Josh O'Connor) é o principal membro da equipe, é ele quem sente onde está o tesouro e a partir daí cavam até chegarem ao paraíso.

Arthur sai da cadeia e retorna pra casa para encontrar com seu amor Beniamina, mas parece que só a encontrará debaixo da terra.

Enquanto isso, se diverte com Itália ( Carol Duarte), que mora na casa de uma senhora, mãe ( Isabella Rosselini) de Beniamina e esconde seus dois filhos.

Não dá para diferenciar Arthur dos demais larápios, apesar dele ter habilidades com o ramo de escavações e a arte etrusca encontrada ali por debaixo da terra.

Arthur está sempre com a mesma roupa, sempre calado, com pouca expressão, como se a vida andasse bem devagar para o lado dele.

O destaque fica por conta de Itália que é toda espirituosa e dá um charme para o filme.

Apesar de não muito enfático, vale como entretenimento. 

 

" O Quarto ao Lado " OU A Eutanásia

 Assisti ao filme de Pedro Almodovar, " O Quarto ao lado ", adaptado do romance "O Que Você Está Enfrentando", de Sigrid Nunez.

O filme quase em sua totalidade tem duas atrizes em cena: Julianne Moore e Tilda Swinton.

Ingrid ( Julianne Moore) é uma escritora renomada, está em alta por causa de seu último livro e no dia de autógrafos fica sabendo que uma amiga sua de longa data Martha ( Tilda Swinton), está acamada e reclusa por causa de um câncer.

Afastadas há um bom tempo por causa de trabalho e vida pessoal, Ingrid vai visitar no hospital a amiga que foi correspondente de guerra americana e agora luta contra um câncer cervical.

Martha resistiu em aceitar a doença e a fazer quimio, mas agora, com novos medicamentos, entra em uma fase de experimento e quem sabe tem a  sorte de que esse câncer regrida e ela prolongue sua vida.

Mas Martha não tem mais prazer na vida. Não se concentra mais para escrever, para ler um livro, para escutar uma música, comer, fazer sexo.

Depois de alguns encontros com a amiga Ingrid, Martha conta toda a sua vida, desde a sua participação em várias guerras, amores, e sua filha que teve com um homem que foi embora e não deixou lembranças.

Mas deixou mágoas, pois a filha desse breve relacionamento não quer sequer ver a mãe e não a perdoa por esconder o paradeiro de seu pai.

Resta a Martha uma finitude digna, o que faz ela convidar Ingrid para ficar com ela em uma casa alugada em um local afastado, cheio de árvores e pássaros, tranquilo, para que no dia em que ela estiver preparada, utilize o comprimido que ela comprou na deep web para tirar a sua vida.

Claro que Ingrid não poderia falar para ninguém essa história, e fazer de conta que não sabia, pois isso implicaria acima de tudo, questões criminais.

Enfim, o filme fala dessa cumplicidade, dessa dor de quem está por ir embora e as reflexões que ainda podem ser feitas de tudo o que se viveu.

E você iria com um amigo para um local afastado nessas condições ?

Bom filme. 

 

" O Cavalo de Pedro " OU A Sexualidade do Grito

 Nossa, quanto tempo não assistia nada do diretor Daniel Nolasco ! E olha que temos um curta metragem!

Pois é. " O Cavalo de Pedro " também tem a mesma pegada dos curtas e longas do diretor, só que desta vez o personagem da história é o nosso conhecido D Pedro I.

Segundo Nolasco, até Pedro, que era muito pegador e promíscuo, teve seus ficantes masculinos e se deliciava ao fazer sexo com eles.

O motivo eram os cavalos. Sim. Pedro ao ver um cavalo bom e bonito na cidade, já pedia para seu auxiliar ir atrás do dono e comprar para depois revender com um superfaturamento, afinal seria um cavalo real.

Como sempre, a marca de Nolasco temos: trilha sonora boa, edição de imagens perfeita, o despudor das cenas, trazendo muita qualidade ao que nos é mostrado.

Eu só fico querendo um pouco mais do roteiro mesmo.

Novamente, Renata Carvalho abrilhanta nossa tela com sua presença.

Assisti no site da Embaúba Play.