Eu já sabia!
Desde o momento que comprei o ingresso para a peça " Tom na Fazenda ", tinha certeza que assistiria uma das melhores dos tempos atuais. Recomendada, premiada, apresentações na França, Armando Babaioff, a temática, o fato de eu já ter assistido ao filme.
O Teatro Municipal de Ribeirão Preto, através do gigante SESC, que nos proporciona isso tudo, estava cheio, o palco aberto, enorme como nunca, com lonas no chão, baldes, sacos brancos pesados, um par de botinas, dois banquinhos, e começam a abrir essa lona um ator de suspensório e uma atriz com cabelos brancos e curtinhos.
Tom na Fazenda foi encenada pela primeira vez em 2011, em Montreal, no Canadá. Com uma duração de mais de 2 horas, texto de Michel Marc Bouchard, tradução de Armando Babaioff, direção de Rodrigo Portella e no elenco : o Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary, vamos ao espetáculo.
Uma música ao fundo me incomoda e demora a acabar. Deve ser proposital. Tom ( Babaioff) chega à fazenda da família de seu namorado que acabara de morrer com 35 anos para o velório e sepultamento.
Lá, ele encontra um terreno hostil, rústico, umas 48 vacas, cachorros bravos, uma mãe ressentida demais pela morte precoce do filho e um irmão tosco, agressivo e que não lhe fora receptivo com sua vinda ao local.
É isso mesmo, Agatha ( Soraya Ravenle), a mãe recebe Tom com discrição, mas o irmão Francis ( Gustavo Rodrigues) é um homofóbico de carteirinha e não aceitava a vida que o irmão levava.
Esse foi o clima que Tom, que trabalhava com o seu namorado em uma agência de publicidade e propaganda encontrou e terá que lidar nos dias em que ali permanecer.
É esse clima, as mentiras sobre a vida do rapaz que morreu e também o que Tom não sabia dele é que norteia essa peça que te faz sair pasmo, diferente, reflexivo, louco de vontade de que o teatro seja o motor para essa nossa sociedade melhorar, louco para que haja uma transformação, que haja mais peças como essa, que mais pessoas tenham acesso e assistam essa maravilha de texto e encenação, que vejam realmente o que é a arte de atuar de um ator como Babaioff, Gustavo e Soraya, e mais no final da peça, de Camila.
Fiquei atônito, cheguei em casa louco e paralisado, mas com a sensação de ter assistido a um dos melhores espetáculos teatrais da minha vida.
Para os que ainda não viram, é obrigatório! Eles seguem turnê em São Paulo.
Parabéns à dedicação e atuação dos atores. É mais do que uma partida de futebol. É muita energia, disposição e dedicação. Eles devem sair dali mortos, exaustos, assim como nós.
Parabéns, Parabéns e Parabéns.
Obrigado ao SESC por me permitir isso !
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