Assisti ao bonito filme de Julia Murat " Histórias Que Só Existem Quando Lembradas", passado num pequeno povoado, praticamente desabitado, chamado de cidade fantasma.
O povoado tem sua gente, quase toda constituída pela terceira idade, tendo em Madalena ( Sonia Guedes), a mulher que limpa a porta do cemitério, que aliás , nunca abre ; prepara a massa e faz o pão na mercearia de Antônio ( Luiz Serra), que faz o café, reúne os moradores para o almoço, e implica com Madalena todos os dias pela manhã dizendo : Pode deixar o pão aí na cesta, que depois eu arrumo... Pode fazer do jeito que eu tô falando ? ...
Essa é uma das pequenas rotinas que acontece na cidade de Jotuomba, que na verdade é uma pequena cidade do Vale do Paraíba, Sebastião de Lacerda , no estado do Rio de Janeiro.
As conversas, idas e vindas pela linha do trem, o almoço, o tempo que não passa, tudo isso segue o ritmo, quando de repente, chega à cidade, uma jovem fotógrafa Rita ( Lisa Fávero), que pede para se hospedar na casa de Madalena, e aos poucos conhece todo mundo, puxa prosa com um e com outro, fazendo amizade facilmente, sem mudar em nada a rotina deles.
Madalena é a mais intrigada com a moça que gosta de fotografias, mostra algumas antigas á ela, fala que não gosta de tirar retrato, mas, aos poucos vai cedendo , até fazer uma linda foto para a moça.
Tem o padre Josias ( Ricardo Merckin) que não abre o cemitério de jeito nenhum e faz as missas para os moradores sempre no seu horário .
E Rita, qual o seu objetivo ? O que quer ali com esses velhinhos perdidos no tempo ?
Rita consegue toda essa riqueza, e consegue nada ao mesmo tempo, depende do ponto de cada um .
E a música, que delícia de som ...E o silêncio? Bom também ... Aquele solo arenoso, aquelas folhas voando , o sino batendo .
Bucólico. Sim. Essa é a palavra que encontrei para resumir esse filme.
Mas, tem as fotografias também. Que significam muitas outras histórias . E o café do Antônio? Que vontade de tomar uma xícara.
Esqueci de falar das cartas que Madalena escreve para o marido que já morreu ... Já pensou ?
É proibido entrar , diz a tabuleta do cemitério, fechado com um grande cadeado, que no final, Madalena entrega o para Rita.
E madalena falando para Rita sobre a massa do pão :" Agora, ele tem que respirar, porque pão é como gente, se não respira, endurece ."
Esse era o povoado de Madalena, Antônio, Rita e você, a que lugar pertence ?
Valeu a pena!
Eu recomendo !
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