Essa era recomendada por quem entende de teatro, logo, a expectativa era das maiores.
Então, vamos ver " A Golondrina " no Teatro Nair Bello , com texto de Guillem Clua, direção de Gabriel Fontes Paiva e produção de Odilon Wagner, Tania Bondezan e Ronaldo Diaféria.
Eu já sabia que se tratava de algo a ver com a tragédia e assassinato na Boate Pulse,em Orlando, na Flórida , matando uma grande maioria de homossexuais, deixando 50 mortos e 53 feridos, que lá estavam se divertindo nesse dia .
Sabia também que estaria em cena, a mãe de um dos mortos no atentado e um outro rapaz, amigo do filho dela .
E só ...
O restante , estava ali eu atento e aberto para ouvir,ver e sentir o que passariam
Tania Bondezan ( Amélia) e Luciano Andrey ( Ramón) .
Amélia era professora de música, canto mais propriamente falando e Ramón a procura para aprender um pouco mais e especificamente para cantar uma canção para uma celebração , que diz ele seria para sua mãe.
A música era A Golondrina , que ele queria aperfeiçoar e cantar nessa cerimônia. Coincidência, pois era a música que ela cantava ao seu filho Dani quando ele era pequeno...
Amélia, de cara não aceitou o aluno, pois o achou amador demais, e ela somente dava aulas para profissionais. Mas, com algumas ressalvas, algumas frases, ele foi entrando no local e permanecendo a cada minuto.
Eles trocaram alguns assuntos , ela falou do filho que está morto , mostrou ao rapaz que a dor é o que define a humanidade, diferenciando nos das bestas, e o papo se distanciou um pouco da música .
Ele pedia que ela falasse um pouco mais do filho, do que havia acontecido , e as máscaras iam aparecendo , tanto de um quanto do outro ...
Conversa vai, conversa vem , ela o ameaça e pede que saia de sua casa, algumas vezes, mas, pede para voltar e a catarse chega arrebatadora ...
É aí que acontece o clímax da peça e você se vê em lágrimas . Não tem como não sentir o que se passa com a mãe e o rapaz .
Não tem como não sentir o que aconteceu nas Ramblas em Barcelona, no Bataclan em Paris, na orla de Nice ,no Bar Pulse em Orlando, e com a travesti Dandara no Brasil.
É hora de refletirmos e perguntarmos o porquê de tanto ódio, por que não aceitar o diferente ?
A atuação dos atores é simplesmente perfeita. A direção em cima e o cuidado dos produtores idem .
Você sai do teatro pensando na vida, pensando em você, em suas atitudes, se você contribui ou não para esses atentados de forma indireta , por que você se cala e tudo mais ...
Simplesmente fantástica !
Valeu a pena!
Eu recomendo !
Nenhum comentário:
Postar um comentário