Powered By Blogger

segunda-feira, 26 de julho de 2021

" M " OU Um Soco no Estômago !



 Sem querer, querendo, pois vi que o filme sairia do catálogo do MUBI em alguns dias, assisti " M", com a direção de Yolande Zauberman, que tem Menachem Lang como protagonista e narrador de uma tragédia judaica, digamos assim.

Eu não acreditava, nos minutos que iam se passando no filme, que o rapaz estava falando aquilo, fazendo aquela confissão, de que em sua infãncia , tinha sido abusado e estuprado por várias vezes, e em algumas delas pelos próprios rabinos.

Pior, ao chegar em casa, e contar ao seu pai, o mesmo dava razão aos estupradores e não ao filho, dizendo que ele seria impuro e não podia mais frequentar a sinagoga.

Triste demais !

Menachem sai logo de casa quando pode, e vai embora para Tel-aviv. Lá ele se casa, se divorcia, e depois sai com mulheres, transexuais e homens, com preferência a homens.

Depois de 10 anos, resolve voltar à terra natal para esclarecer algumas coisas. 

Menachem chega à "terra dos pretos ", nome que é dado à Bnei Brak, pelo fato de apenas encontrar homens ligados à ortodoxia bem radical mesmo, onde a Torá é seguida ipsis litteris.

Chegando lá, ele encontra algumas pessoas, conversa com elas, conta do que passou na infância, e percebe que outras pessoas também passaram por isso. Vai à casa de um de seus estupradores, mas, esse não o atende. Conversa com jovens que também foram vítimas de estupro, e que estão a dias de um casamento, tentando fazer com que isso não influencie no corpo e na alma.

Menachem fala demais, não tem medo do que fala, e se expõe em uma sociedade suja, fechada e conivente com seus líderes religiosos.

Eles falam que até nos banhos de purificação, as crianças são abusadas. Vai à sua casa conversar com o pai e a mãe, e descobre que seu irmão mais novo foi abusado pelo marido de sua irmã, que fugiu de desgosto.

Agora, por que o irmão continuou sendo aceito pelo pai e ele não ? Segundo o pai, ele não deveria ter deixado ser abusado, achou que ele teria gostado, e tornado impuro.

E a mãe ? Nenhuma palavra. Aliás, a mulher pelo Torá, é feita apenas para procriar. O homem deve apenas penetrá-la, no escuro, sem beijos, sem carícias, sem abraços , sem nada. É fazer filho atrás de filho, que depois, vão ter aqueles cachinhos no cabelo e usarem chapéus  e ternos pretos.

Quando estive em Israel, já soube que os maridos raspavam o cabelo das mulheres para que elas não tivessem nenhum tipo de poder, já que para eles, o cabelo tem esse significado. Para sair às ruas, elas usam perucas.

Agora, você imagina como deve ser a relação dessas mulheres com seus maridos em casa .

Foi um choque muito grande cada minuto que eu assistia ao filme. A cada revelação, eu constatava que aqueles homens de preto, de chapéus grande e redondos eram ruins, não faziam o bem, mesmo estando com uma bíblia aberta o tempo todo falando e citando palavras que deveriam fazer o bem comum.

Quanta criança, quantos bebês, e quanta gente fumando, falando alto, justificando o injustificável.

Uma bomba que parecia que a qualquer momento iria estourar para o lado de Menachem, mas, na verdade, estourou foi minha cabeça em pensar que tudo isso é verdade e aconteceu.

Não sei mais o que dizer. Preciso ler sobre isso, dar uma estudada e ver se isso é comentado em algum  lugar ou se foi apenas com esse filme que pudemos infelizmente ter essa constatação.

Pensei até em conversar com um padre que estava em Jerusalém na época em que lá estive e mora na minha cidade para me falar mais sobre isso.

Assista ao filme antes que saia do MUBI. Vale a pena !

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário