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terça-feira, 3 de agosto de 2021

" Beginning" OU Misoginia e Intolerância Religiosa em Um Filme Georgiano.


 Finalmente assisti ao filme da Georgia que estava na lista para concorrer ao Oscar de Melhor Filme estrangeiro em 2020,  " Beginning", da diretora Déa Kulumbegashvili.

A única crítica que vi não havia sido muito positiva, por isso fui deixando para trás, mas, com a entrada do filme no MUBI, me programei e vi o filme.

Tive uma surpresa positiva. É exatamente o filme que gosto e foi um soco no estômago toda essa história.

Fiquei com muita raiva do que havia acontecido com a personagem Yana (Ia Sukhitas), que é casada com o pastor David (Rati Oneli), e que juntos fazem uma espécie de ensino bíblico para as crianças e adultos de uma vila, adotando os preceitos das Testemunhas de Jeová.

Acontece que o país não tem essa religião como dominante e nem permite a liberdade religiosa como alguns querem que seja.

O filme começa com um incêndio provocado na igreja deles com todos os fiéis dentro, apavorados com o fogo.

Logo, eles ficam sabendo que o incêndio foi criminoso, que a polícia sabia quem tinha sido, mas, sabe como é ...

David e Yana têm um filho pequeno, o Giorgi, que nem pode sair de casa para brincar por medo de que lhe aconteça algo.

Yana tem uma conversa com David, que vai buscar novos investimentos para  a construção de uma nova sede, e ela diz que ficaria na vila, que não está bem .

Nesse tempo, um terremoto cai em cima de Yana, com a chegada de um possível detetive na cidade.

A vida dela provavelmente não será a mesma depois disso. É o clímax do filme.

Com a chegada de David, com boas notícias , o casal tem que lidar ainda com os problemas de toda essa intolerância.

Parece que David conseguiu uma promoção para a capital Tiblisi.

Yana terá condições de seguir o marido? O que restará de toda essa religiosidade do casal frente a um povo que não entende de outro tipo de crença ?

Yana tem sanidade suficiente para recomeçar, ou ela mesma já deu início ao seu recomeço?

O filme não te dá respostas, mas, é por isso que é muito bom.

Outra coisa gritante, é a forma com que a diretora trabalha com a câmera, deixando apenas uma pessoa falando e não mostrando o que se passa ao lado, com a outra pessoa. Te dá até aflição.

Outro detalhe é o tempo de algumas ações ou cenas que são prolongados, como se a cena fosse congelada e você ficasse a olhando por alguns minutos, sem som, sem movimentação.

Linda a cena onde as crianças todas bem vestidas de terninho discorrem para a câmera sobre o que significa para elas céu e inferno.

A cena inicial do filme com a explanação do pastor David aos fiéis com a passagem de Abraão tem muita relevância em todo o contexto.

Valeu !


Recomendo a todos fazerem essa reflexão no MUBI. 

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