Finalmente, na semana do Oscar 2025, assisti ao filme " Ainda Estou Aqui" de Walter Salles, que concorre ao Oscar 2025 como Melhor Filme de Língua Estrangeira, melhor Atriz e melhor Filme.
O filme tem três fases se pudermos dizer assim, sendo a primeira mais densa em termos de tempo, onde a família do ex deputado Rubens Paiva aproveita os dias de praia no Rio de Janeiro com muita alegria.
A casa de Rubens Paiva ( Selton Mello) vivia sempre cheia de amigos e era uma festa sempre. Eunice Paiva ( Fernanda Torres) sua esposa se saía muito bem na educação dos cinco filhos.
O primeiro fato importante foi a adoção forçada de Pimpão, um cachorro achado na praia, que estava sem dono no momento e que Marcelo levou para dentro de casa.
Foi uma festa, mas Zezé (Pri Helena), a empregada teve que dar um bom banho nele.
Depois disso, Veroca ( Valentina Herzage) vai para Londres na casa de amigos de Rubens e Eunice, deixando a casa com quatro crianças ao invés de cinco.
É período de ditadura militar. Vê-se blitz e carros do exército nas ruas. Assusta.
Há sempre uma grande movimentação na casa de Rubens e inclusive com vários telefonemas.
Certo dia, homens a paisana vão à sua casa e o levam para prestar depoimento.
Ele nunca mais volta.
Depois Eunice e Eliana Paiva ( Luisa Kosovski) passam alguns dias de tortura e maus tratos no quartel a fim de darem informações que os militares queriam.
Elas retornam. Tudo mudou. A realidade mudou.
Eunice não se desespera em nenhum momento, vai atrás de dinheiro que tem direito, paga as dívidas, salários atrasados e continua em frente, até que decide mudar para São Paulo.
Veroca voltou de Londres.
Nessa altura, todos já sabiam. O mundo já sabia o que tivera acontecido com aquela família.
Mas, eles resistem. O tempo passa, as crianças se tornam adultos, têm as suas vidas e em um terceiro tempo temos Eunice já sofrendo do Mal de Alzheimer, a casa cheia de filhos, genros e netos.
Mais uma foto de fim de ano.
Fernanda Torres está esplêndida mesmo. Comedida, com um charme artístico pouco visto por aí em filmes. Tantos os olhares, os gestos, a dinâmica de corpo e suas falas estão em perfeita sintonia.
A cena do banho pós prisão no quartel pra mim foi linda. A mais bonita.
Mas não posso deixar de citar também da morte do pimpão quando ela vai no meio da rua ver o que tinha acontecido.
Na mudança para São Paulo ao buscar a filha Eliana na praia que estava contrária à viagem também é uma cena muito bela.
Poderia enumerar várias. Não sei qual escolheria para ser o seu portifólio de apresentação no Oscar.
Eu não vivi a ditadura, apesar de ter nascido em 69. Meus pais não viveram e não me contaram nada a respeito. Mas com tudo que já vi, entendo perfeitamente o sofrimento e o peso desses anos para quem viveu e sofreu na pele.
A trilha sonora é outro destaque.
Está tudo na medida. Nem mais, nem menos.
Parabéns a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário