segunda-feira, 31 de julho de 2023

" Nothing Compares " OU Que Vida Triste dessa Moça !



 Finalmente assisti ao documentário " Nothing Compares " dirigido por Kathryn Ferguson, que traz a trajetória da cantora irlandesa, ainda vive naquele momento " Sinead O' Connor". 

A cantora que teve abusos na infância, que conviveu com uma mãe que era uma fera em personalidade, e acabou falecendo, e que tentou ser feliz na música, teve uma ascensão de meteoro nos anos 80 e depois, por causa de algumas atitudes duras, acabou sendo linchada pela sociedade.

O interesse pela música começou quando o irmão trouxe para casa uma música de Bob Dylan, ela depois se juntou à bandas e seguiu escrevendo e cantando com uma voz bem diferenciada.

Raspou sua cabeça em protesto ao protótipo feminino, a fúria que ela sentia da misoginia encontrada em seu país, e dos problemas que passou em ter que respeitar os conceitos e hábitos machistas irlandeses.

Sinead estourou, mas em aparições começou a se manifestar de forma agressiva ou não, como rasgar a foto do Papa João Paulo em público, fazendo uma crítica à Igreja Católica, não permitiu que na aberturas de um show seu nos EUA fosse cantado inicialmente o Hino Nacional Americano, por causa das Guerras entre os EUA e o mundo do Oriente e assim foi ganhando inimigos na música e na sociedade em geral.

Nem a sua principal música pode ser cantada no documentário, pois ela brigou com Prince, o autor, e não fora permitida a reprodução da mesma. Triste demais !!!

O documentário acabou com Sinead convertida ao Islamismo, totalmente vestida, careca, já com a idade atual.

Não se falou nada, mas ela perdeu um filho nesse hiato de tempo e isso a deixou lá embaixo.

O documentário foi finalizado, a gente assistiu e ela morreu aos 56 anos.

Muito triste mesmo. 

" O Julgamento de Viviane Amsalem " OU Patriarcalismo Judaico


 Que triste esse costume judaico de que o casamento somente pode ser dissolvido por um juri de rabinos.

É isso que vemos o tempo todo no filme dirigido por Shlomi Elkabetz e Ronit Elkabetz,  " O Julgamento de Viviane Amsalem " que está disponível na Reserva Imovision.

O longa conta a história de Viviane, que saiu de casa, e não quer mais viver ao lado de seu marido Eliseu ( Simon Abkarian), que não concorda com a situação e quer mantê-la presa aos seus laços matrimoniais.

Em Israel não há casamento civil, apenas religioso. Portanto, se um casal deseja se divorciar, eles devem realizar todos os trâmites necessários perante um tribunal de rabinos. A questão é que para que o divórcio seja oficializado deve haver o consentimento tanto da esposa como do marido. Se uma das partes não concordar com a separação, o divórcio não é concedido. É aqui então que começa o martírio de Viviane (Ronit Elkabetz).



O filme inteiro se passa dentro dessa pequena sala que chamam de tribunal do juri, e um circo acontece toda a sessão que eles se encontram.

Você acaba ficando incomodado, pois tudo isso já dura cinco anos, com um vai e vem desgastante para Viviane, que não se liberta do marido.


O que dizer ? São hábitos e culturas que essas pessoas aceitaram e agora convivem com isso às duras penas.

Mais uma coisa que aprendemos do oriente e mais ainda do judaismo.

O filme foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro em 2015.

Pobre Viviane ! 

sexta-feira, 28 de julho de 2023

" Onoda - 10 Mil Noites na Selva " OU Japão X EUA

 



Eita está aí mais um filme que apareceu na lista de diversos cinéfilos e críticos de cinema no final de 2022, como os 5 melhores filmes do ano.

" Onoda - 10 Mil Noites na Selva " de Arthur Arari, tem quase 03 horas de duração, então precisaria ter disposição e atenção para assisti-lo.

O Tenente Hiroo Onoda, jovem, em 1945, após não ter sido apto para ser piloto, é enviado à uma missão nas Filipinas, onde os EUA estariam prestes a desembarcar e travar uma guerrilha no local.

Acontece que logo o Japão se rendeu, a guerra acabou, mas Onoda permaneceu na ilha por 10 mil dias, pensando e acreditando que a guerra ainda não havia acabado. 

Baseado em fatos reais, Onoda somente se retiraria do local se um oficial japonês levasse um comunicado de saída dos combatentes.

Assim, o filme inicia na construção da equipe de Onoda, os desafios e embates com outro grupo de japoneses, até finalmente ficarem com uma equipe reduzida, e terem diversos obstáculos, mas não com americanos, e sim com locais, filipinos, pescadores e selvagens.

O filme  apesar de violento, de se tratar de uma guerra, tem o seu lado poético sempre.

Hiroo Onoda representado por (na juventude por Yûya Endô e na maturidade por Kanji Tsuda) sustenta todo o filme, e os atores têm excelentes atuações.



O filme está disponível no Reserva Imovision. Corre lá !

quarta-feira, 26 de julho de 2023

" A Criada " OU As Donas das Casas ?



 Muito bom o filme chileno " A Criada " de Sebastián Silva, que desde sua estreia em Sundance, abocanhou vários prêmios, sendo inclusive indicado ao Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro.

O filme conta-nos a história da empregada doméstica Raquel (Catalina Saavedra) , que trabalha na mesma casa, com a mesma família há quase 30 anos.


Pilar (Claudia Celedón) e  Mundo (Alejandro Goic) são seus patrões. E têmuma relação já de pessoa da casa.
Camila (Andrea García-Huidobro), Lucas (Agustín Silva), Thomas (Darok Orellana), Sebastián La Rivera, são os filhos do casal, que Raquel acompanha desde os seus nascimentos.

Raquel estava tendo muitos problemas com a menina Camila, e a patroa resolve trazer uma nova empregada para ajudar Raquel.



 Mercedes (Mercedes Villanueva), começou na casa, era do Peru, e Raquel fez de tudo para que ela pedisse demissão.

Depois veio uma mais velha, mais cascuda, Sonia (Anita Reeves),  e mesmo assim, Raquel conseguiu infernizar a senhora, que também saiu.

Até que chega uma mais moderninha e prafrentex, Luci( Mariana Loyola), que aos poucos foi conquistando Raquel, e elas se entenderam.


Raquel foi até passar o Natal na casa da família de Luci, onde fez sexo pela primeira vez com o seu Tio Eric( Luis Dubó).

Um filme muito pertinente para essa classe de trabalhadoras, e fatos que vemos constantemente em nossas casas.

Muito boa a atuação de Catalina Saavedra.

No Looke !

" O Último Poema do Rinoceronte " OU Uma Pérola do Cinema Iraniano


 Que maravilha, esse sim um cinema de poesia, e de encher os olhos de quem gosta de cinema.

Parabéns ao cinema iraniano, ao diretor Bahman Ghobadi, de nos dar de presente essa pérola.

" O Último Poema do Rinoceronte " traz o casal Sahel ( Caner Cindoruk) e Mina ( Monica Belucci), juntos e apaixonados.

Estamos nos anos 70, Irã, e com a chegada da revolução, o motorista de Mina, que a leva para todos os cantos, por ser de uma família com dinheiro, além de também apaixonado por ela, entra para o o bando extremista e faz com que Sahel, poeta Iraniano que acaba de lançar seu livro com o mesmo nome do filme seja preso por ser acusado de fazer menções políticas no livro.

Da mesma forma, Mina vai presa, só que ele mesmo tem condições de soltá-la, pelo seu amor e poder no momento.

Sahel fica por 30 anos na prisão. Mina cumpre menos de 5 e o motorista lhe faz uma proposta de tirá-la do país e fugir para a Turquia, vivendo uma vida mais tranquila e segura.

É impressionante como se manipula vidas, como se mexe com os sentimentos de quem não interessa para o governo.

Nesse caso, Mina pega o atestado de óbito de Sahel e que tem até lápide em um lugar para deixar seus sentimentos.

Mina mora com esse motorista, que ela não ama, mas que vive com duas filhas, que não sabemos se foi de Sahel em seu último momento ou do próprio motorista que a estuprou nesse mesmo dia.

Sahel( Behrouz Vossoughi) sai da prisão 30 anos depois, acabado, velho, quase mudo, e vai atrás de onde estaria Mina.

Ele consegue saber que ela está na Turquia, e faz vigília com seu carro na praia, de frente para a casa dela.

Observa toda a movimentação, faz contato com duas moças, dá carona para as mesmas, que vão se prostituir na cidade, e espera um melhor momento para vê-la mais de perto.

Fatos se seguem a essa chegada e a cabeça de Sahel fica ensandecida. 

O que um país faz com a vida de duas pessoas que se amam e querem apenas serem felizes.

É assim no Irã. Ou pelo menos, era.

Ótimo filme.

No Reserva Imovision. 

" O Próximo Passo " OU A Teoria da Motivação Humana

 


Esse filme francês foi uma indicação de um cinéfilo e crítico de cinema que sigo em seu blog.



" O Próximo Passo "  de Cédric Klapisch, que esteve no Festival Varilux de Cinema Francês de 2022, mostra o drama dos bailarinos em seu dia a dia, nesse caso, a bailarina Elise ( Marion Barbeau), que em uma apresentação com casa lotada, se machuca, após ficar contrariada ao ver seu namorado nos bastidores com uma outra dançarina.



O diagnóstico dela é grave e o período de recuperação lento e demorado. Sua carreira está em risco.




Agora, ela terá que entender que o tratamento com o fisioterapeuta Yann ( François Civil) e o vínculo com o mesmo, não pode ultrapassar as linhas terapêuticas.



Elise tenta através de uma amiga e seu companheiro, que é tipo um chefe de cozinha, Luic ( Pio Marmai), se aventurar com eles.

Nesse lugar, a dona da propriedade Josiane ( Muriel Robin), reacende em Elise a vontade de vencer, de amar, e de dançar. Lá, acontece um grupo de dança contemporânea, e Elise com o tempo se junta com o grupo.



Elise, conhece um novo cara, Mehdi ( Mehdi Baki), que lhe traz leveza ao seu dia a dia. 

Elise, que já não tem a mãe, tenta se ajustar com o pai, Henri ( Denis Podalydes), com quem tem suas divergências e o não apoio na dança.


Elise dá a volta por cima e faz o que mais gosta na vida: DANÇAR ! 

O filme está disponível no Looke !



 













terça-feira, 25 de julho de 2023

" O Perdão " OU A Excrescência da Pena de Morte





Mais um ótimo filme iraniano. Como eles sabem fazer filmes, não? Ainda bem que temos a Reserva Imovision para assisti-los.

Então vamos para " O Perdão " que tem a direção: Maryam Moghadam, Behtash Sanaeeha e trata de um tema bem controverso no mundo todo: A pena de morte.


O longa que esteve na 71ª Berlinale começa com a seguinte frase:

“E lembrem-se quando Moisés disse ao seu povo: Allah ordena que você mate uma vaca. Eles responderam: Você zomba de nós?”.

Mina ( Maryam Moghadam) entra na cela da prisão para despedir-se de seu marido. É a pena de morte, procedimento legal no Irã, sendo obedecida. Babak, o preso condenado, cometeu um crime e será morto. 



 Depois de um tempo, o verdadeiro assassino assume a morte do crime a que fora atribuído a Babak, e a justiça iraniana pede desculpas pelo erro e pela morte do marido de Mina.

Eles oferecem uma recompensa financeira, mas Mina quer mais justiça.

Nesse tempo, ela conhece Reza (Alireza Sani Far), um homem que entra na vida dela e está disposto a ajudá-la de alguma forma. Dá dinheiro à ela, dizendo que Babak tinha emprestado e ele estaria ali para devolver.


Na verdade Reza é exatamente o juíz que determinou a sentença de morte de seu marido.

Ele cria um vínculo com Mina que nem ele esperaria ter. Mina mora sozinha com sua filha Bita ( Avin Poor Raoufi), que tem deficiência auditiva.

Para complicar, a família de Babak, através de seu irmão (Pouria Rahimi Sam), quer entrar na justiça para ter a guarda de Bita.


O filme nos faz ter de certa forma ódio de um país que resolve seus problemas da forma mais arbitrária e injusta possível, além de outros hábitos e crenças totalmente diferentes das nossas do ocidente.

Eu adoro assistir a filmes iranianos, mas não deve ser fácil morar em um país onde não anda para frente e fica preso às tradições extremamente arcaicas.

Fica a dica ! Reserva Imovision.  


" Transviar " OU Tradição das Paneleiras de Barro

 



Mais um curta metragem brasileiro no MUBI. Dessa vez, falo de " Transviar " dirigido por Maíra Tristão, que tem o Espírito Santo como locação.

Somos levados para o mundo e à tradição das paneleiras do Espírito Santo por meio da experiência de Carla da Victoria, mulher trans que faz parte de uma família ancestral de paneleiras.


Bem diferente essa forma de perceber que podemos ter pessoas trans em todos os trabalhos, lugares e locais do universo.

Aqui, ela mexe com o barro, pisa, amassa, molda, queima e faz suas panelas de onde tira o seu sustento.

Interessante que quando estive em Vitória, fui conhecer o bairro e o local dessas paneleiras, trazendo inclusive algumas peças para casa.


Gostei principalmente pelo enfoque diferente. Parabéns à Carla da Victoria.

No MUBI.



" Lupe - A Cidade dos Sonhos " OU Lutando Contra O Gênero e A Vida




 Excelente a indicação de um colega estudioso no cinema Queer, do filme " Lupe - A Cidade dos Sonhos ", dirigido por  André Phillips e Charles Vuolo. O filme está no Looke.

O filme tem uma base que se inicia a tempos atrás na pobre Cuba, onde 2 garotas se iniciam cedo na prostituição, levando uma vida bem difícil e decidem tentar a sorte nos EUA.

Só que uma delas, deixa o irmão, ainda pequeno para trás sozinho e sem ressentimentos foge do país.

Nessa época, Rafael( Pedro Rodrigues), já aparentava alguns traços afeminados, mas mesmo assim lutava contra isso através de treinos em sacos pesados, dando socos, e jogando para fora toda a dor que sentia em ter uma família disfuncional e de se sentir estranho.

O tempo passa, Rafael ( Rafael Albarran) parte para os EUA em busca da irmã Isabel sem nenhuma informação.

Agora, um boxeador, passa a dar treinos em uma academia para se sustentar. Aluga um apartamento, e vai para as ruas em busca da irmã.

É um jogo perigoso, já que a irmã está nas mãos de cafetões. E o máximo que encontra é a amiga Elsa( Christine Rosário), na boca, no submundo de Nova York, presa por cafetões.

Rafa consegue tirar a amiga do local, leva para o apartamento dele, e divide suas mágoas dia a dia com uma pessoa do seu país.

A busca pela irmã Isabel( Lucerys Medina) continua. Ele conhece uma amiga com quem vai tratar de sua sexualidade. Tem também no amigo que treina para o boxe uma certa atração. A cabeça de Rafa está bem cheia e confusa.

Os dias, meses e anos passam, e as coisas vão se encaixando, menos o encontro com a irmã Isabel.

Onde está Isabel ?

Gostei muito da perspectiva diferente em que um personagem de gênero foi inserida, e mais uma vez senti que se trata de um dos maiores desafios do momento passar por esse processo.

Difícil, doloroso, perigoso.

Boa sorte à Lupe e a todos que estão nessa transição!

No Looke ! Não percam !

segunda-feira, 24 de julho de 2023

" 45 Anos OU Um Pas De Deux Fora de Ordem





Simplesmente precioso o filme " 45 Anos " de Andrew Haigh, ambientado em Norfolk, na Inglaterra.

Kate (Charlotte Rampling) e Geoff (Tom Courtenay) é um casal que está completando 45 anos juntos.



A mulher resolve fazer uma festa, pois aos 40 anos de casados, o marido teve um problema de saúde, e a festa não saiu.

Ele recebe uma carta com ressignificados importantes do seu passado, pois quando jovem, namorava e escalava montanhas e esquiava com esse seu primeiro amor.



Acontece que ela teve um acidente e morreu. Seu corpo não fora encontrado pelo difícil acesso ao local.

Mas, exatamente isso que fala a carta: Finalmente fora encontrado o corpo dela, que está congelado nos alpes suíços.


A notícia mexeu com a cabeça de Geoff mesmo quase 50 anos após. E mexeu também com Kate, que amarrou um ciúmes enorme por causa disso.

Kate ficou muito incomodada com o comportamento de Geoff, e ficava vigiando os seus passos, suas recordações, os vídeos de quando era jovem e tinha a primeira namorada, esquecendo até da comemoração dos 45 anos.



Geoff apesar de ser mais introspectivo, percebe a aflição da esposa e tenta mudar o comportamento nos dias que antecedem à festa.

A atuação de Charlotte Rampling lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz.

O filme tem uma fotografia belíssima e a problemática apresentada é bem interessante para uma discussão posterior.

Gostei demais do filme.

Na Reserva Imovision.