quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

" Io, Capitano " OU Esse Filme Tem Que Levar Um Oscar em 2024 !


 Assisti ao já aclamado filme " Io, Capitano ", que será o Representante da Itália na corrida para Melhor Filme de Língua Estrangeira no Oscar 2024.

Já vou de cara falando que será o meu favorito. Que filme didático, enxuto, não tiraria nada e não acrescentaria nada. Perfeito!

Entendo perfeitamente agora o caminho que os migrantes africanos fazem para chegarem a qualquer país do continente europeu, o dinheiro que lhes roubam com o suor trabalhado anteriormente, a tortura que passam, o inferno do deserto do Saara quando por ali é o caminho, os atravessadores, os piratas ladrões, o homem branco, tudo isso para chegar a um continente também cheio de incoerências e adversidades.

Eles têm um sonho lá na África e acham que vão conquistar no continente europeu. Mas, nós sabemos que não será assim.

O longa de Matteo Garrone é uma obra prima, e nele você é conquistado pelos garotos Seydou ( Seydou Sarr) e Moussa ( Moustapha Fall) que sonham em dar autógrafos aos brancos europeus. Eles compõem músicas, tocam instrumentos, são uma simpatia.

O pouco que o filme nos traz de Dakar , no Senegal, a terra dos meninos já nos deixa satisfeitos com a cultura, a dança e a alegria de um pouco que se diverte com pouco.

Seydou e Moussa guardaram dinheiro com o trabalho que fizeram, e estão pronto para partirem rumo à Europa.

Mas vocês nem sabem como é essa viagem ...

Eu fiquei com os olhos grudados na tela em tudo que me foi passado, não queria perder nada. Foi tudo muito verossímil e representativo.

Será que vale a pena Seydou e Moussa?

Pelo menos um Oscar vale ! 

E vamos comemorar porque já foi um dos 05 indicados para o Oscar 2024.

" Plus Que Jamais " OU Fibrose Pulmonar Idiopática



 

Assisti ao filme " Plus Que Jamais " dirigido por  Emily Atef que traz o casal Vicky Krieps ( Helene ) e Gaspard Ulliel ( Matthieu), que vive em bordeaux, na França.

Acontece que mesmo aos 33 anos, Helene está doente e não tem muito tempo de vida. Ela sofre de Fibrose Pulmonar Idiopática, e volta e meia tem uma dispnéia, escarros sanguinolentos, e passa muito mal, necessitando de oxigênio domiciliar que ela carrega consigo em uma bolsa.

Helene já não é mais sociável com os amigos, não quer mais sair, não consegue fazer sexo, e está muito desolada com o seu fim.

Em uma consulta médica, a médica lhe propõe um transplante de pulmões.

Em buscas pela internet, Helene encontra um blog de um homem na Noruega, simpatiza pelo site e pelas palavras, assim como a beleza do lugar e resolve ir sozinha para lá.

Matthieu hesita, não quer que ela vá, mas não teve como segurá-la.

Lá, ela fica em uma cabana, é tudo muito provinciano, mas com a natureza ao redor.

O homem que ela pensou que fosse do site não era o mesmo das fotos. O daqui era bem mais velho, viúvo e bem tranquilo com o seu modo de viver.

Helene se sente bem nesse lugar.

Matthieu resolve pegar o avião e ver como ela está principalmente depois de uma crise importante.

Não deu certo os três no mesmo lugar. Matthieu está deslocado, perturbado com a situação.

Helene quer o seu espaço.

Não tem a certeza de que o transplante de pulmões é a melhor alternativa para ela.

Vida que segue...

PS: Em Janeiro de 2022, quem morreu de verdade foi Gaspard Ulliel, que se envolveu em um acidente de ski.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

" Companheiros de Viagem " OU Caça aos Vermelhos e Homos nos EUA da Era Macartista



 Maratonei a minissérie da Paramount Plus " Companheiros de Viagem " , baseada no romance homônimo de Thomas Mallon, que retrata os EUA dos anos 50, a era McCarthy, a caçada aos comunistas e aos bichas.

Nesse ambiente, alvoroçado por se ter um emprego dentro de Washington D.C. Hawkins ( Matthew Bomer) vive de aparências, ciscando pra lá e para cá, com muita segurança e rigidez em seus atos e passos, mesmo que sejam adversos aos que rolam no dia a dia do congresso americano.

Exatamente ali que conhece Tim ( Jonathan Bailey) e se apaixona. Os dois se encontram diversas vezes, Hawkins consegue um emprego para Tim para que os dois fiquem próximos e assim constroem algo proibido e gostoso ao mesmo tempo.

Nesse ínterim, surge a filha do senador com quem Hawkins trabalha , a maravilhosa Lucy ( Allison Williams), e aos poucos ela o acompanha em reuniões, festas e encontros para dar uma disfarçada, já que os solteiros eram caçados na época.

A minissérie tem 08 capítulos de aproximadamente 1 hora cada um, e vai e vem nos flashbacks e momento atual, anos 80, início da AIDS, e todo mundo indo a óbito nos hospitais americanos.

Um caso paralelo envolve Marcus ( Jelani Alladin), jornalista, que também luta por direitos civis ao mesmo tempo que sofre com o racismo e a homofobia.

Marcus tem um caso com a drag Frankie ( Noah Ricketts), que se apresenta toda noite em uma casa de shows, até que ela seja desmontada pelo aparelho policial.

Estamos em pleno macartismo. Caça aos vermelhos e aos homo. Todos ficam apreensivos em serem pegos.

Mesmo assim, se reúnem em bando, fazem sexo à vontade, usam drogas e se divertem. Entre eles, o maior garanhão de todos: Hawkins.

Hawkins finalmente se casa com Lucy. Eles têm dois filhos. Tim sofre com o casamento de seu amor.

Vida que segue. Voltamos ao passado. Viajamos ao presente. Tim vai para o exército. Depois entra para a igreja. 

Hawkins continua abordando o e a carne é fraca. Tim cede. Lucy não aguenta mais as ausências de Hawkins.

Belíssimas cenas entre Hawkins e Tim. É o amor incondicionalmente entrando de cabeça, sem medir as consequências.

Protesto em São Francisco. Muitos morrem de AIDS.

A minissérie termina brilhantemente com uma declaração de Hawkins para sua filha.

E a minissérie já começou a ganhar alguns prêmios como: Melhor Ator Coadjuvante de Minissérie ou Filme para TV para Jonathan Bailey no Critics Choice Awards 2024.

Recomendo !  

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

" Palm Trees And Power Lines " OU Cuidado, Você Pode Ser A Próxima



 

Simplesmente excelente o filme " Palm Trees And Power Lines "  de Jamie Dack, baseado em seu curta-metragem de 2018 de mesmo nome.

O longa te deixa louco depois de um certo momento que você quer saber o que virá pela frente, até que ...

Bem, temos Lea ( Lily McLnerny), uma adolescente de 17 anos, que mora com a mãe, e está de férias, sem fazer nada, só no celular e saindo todos os dias com o seu grupo de amigos ou para beber e fumar, ou para transar com algum dos meninos.

A mãe de Lea, Sandra ( Gretchen Mol), é solteira, e vive levando homens para casa não tendo a mínima privacidade com a filha na hora do sexo.

Lea se sente sozinha. Tem apenas a amiga Amber ( Quinn Frankel) para conversar e falar besteiras.

Certo dia, na lanchonete, após todos saírem sem pagar, Lea acaba sendo pega por um dos funcionários e um cara de uns 37 anos, Tom ( Jonathan Tucker) a tirou do imbróglio, e ainda deu carona para ela para casa.

Nesse dia, foi um gentleman, e deixou o número de seu telefone.

Lea com todas as aporrinhações da mãe, sentiu-se só e ligou para Tom marcando um encontro .

E assim foi até que os dois se beijaram e transaram.

Pronto. O casal estava formado.

Lea se afasta dos amigos e de Amber, esconde o namorado de 37 anos e vai sonhando com uma vida melhor, já que Tom faz tudo para ela e a trata com uma princesa. 

Acontece que alguma coisa tinha que acontecer não é ?

Pois é.

A ousadia da diretora nos deixou com aquele sentimento de raiva e ódio de ver tudo aquilo acontecendo com uma menina de 17 anos.

Um dos melhores filmes de 2023 sem dúvidas.

Abuso, pedofilia, estupro e família disfuncional.

Recomendo !

" Manodrome" OU Conflitos Internos de Um Motorista



 

Assisti ao filme " Manodrome " de John Trengove que traz um jovem motorista, Ralph (Jessie Eisenberg), que não disfarça sua masculinidade nem quando uma mulher dá o seio para o seu bebê no carro.

Ralph mora com sua namorada Sal (Odessa Young), que está esperando um filho seu, mas que não dá a mínima pela gestação. 

Sal trabalha em um centro comercial, e no final do dia, Ralph vai buscá-la invariavelmente.

Em outro tempo, Ralph ganha músculos na academia, puxando peso, mas se exalta na hora do banho no vestiário com tantos corpos masculinos nus em sua volta.

Ralph recebe com frequência o amigo Jason ( Philip Ettinger), que lhe traz drogas, oferece tênis, roupas e outras coisas.

É Jason que apresenta Ralph ao amigo Dan, que lidera um grupo de homens que vivem juntos em uma casa e seguem um caminho traçado por Dan.

Ralphie se encanta pelas ideias do líder Dan (Adrien Brody) e balança em sair de casa e assumir o grupo com todos.

O cerco vai se afunilando, Ralph precisa de respostas, é pressionado daqui e dali, parece que vai estourar e realmente é o que acontece.

O rapaz não aguenta e joga tudo pelo ares, a começar com o rapaz negro da academia Ahmet ( Sallieu Sesay), depois com Dan e os colegas do grupo, e no final em uma casa de repouso.

Um thriller que não te deixa piscar e te leva a várias reflexões e caminhos.

Gostei muito! 

" The Lesson " OU A Complicada a Vida de Escritores



 Assisti ao filme " The Lesson " de Alice Troughton, mais especificamente por causa do ator Richard E. Grant, que é o ator principal nesse filme e foi bem coadjuvante em Saltburn.

O longa nos traz o jovem escritor Liam ( Daryl McCormack), que é chamado pela sua agência e aceita a proposta para ser  tutor do jovem Bertie ( Stephen McMillan), na propriedade da família de seu ídolo, o renomado romancista JM Sinclair (Richard E. Grant), e sua esposa, Hélène( Julie Delpy).

Não sabia que existia esse cargo de tutor no caso de aprendizado para aspirar algo na carreira, como é o caso de Bertie que pretende ser escritor.

 Porém, Liam logo percebe que o ambiente na família não é dos mais honestos e coesos e parece que terá que se virar para não ser lesado também.

O estudo de casos com Bertie vai muito bem obrigado, mas a relação com Sinclair é tóxica, e não só com ele, pois Sinclair é arrogante com sua própria família.

Ele é o centro de tudo. O resto não interessa, é lixo.

Sinclair está terminando um romance, e Liam resolve também dar um fim também no seu que há tempos estava parado.

Com o tempo, a esposa de Sinclair conta a Liam quem é o verdadeiro Sinclair e juntos eles tramam algo para tirar a força do poderoso escritor.

Ainda para reforçar o mal estar familiar, temos um fato trágico que foi a morte do filho de Sinclair e Helene que se afogou no lago da própria mansão.

Todas às vezes que assisto algum filme que tem escritor na trama, parece que há algo errado, ou alguma coisa plagiada, roubada que usam para usufruir de status e fama. Não sei, pode ser uma coincidência.

De qualquer forma, gostei da atuação de  Richard E. Grant, que foi o motivo pelo qual escolhi o filme.

" May December " OU Segredo de Um Escândalo



 Esse é mais um filme bem comentado entre os críticos de cinema e que possivelmente estará em alguma premiação.

Falo de " May December " de Toddy Haynes, que traz Natalie Portman , interpretando Elisabeth, um jovem atriz que fará o papel da já consagrada Gracie ( Julianne Moore), vinte anos após um romance midiático da atriz com o jovem de 13 anos na época Joe ( Charles Melton).

“May December” é uma expressão usada para descrever uma relação entre duas pessoas com uma grande diferença de idades

Elisabeth pede a permissão a Gracie de frequentar a sua casa por uns dias para refinar a sua personalidade, a sua história, para que fique ainda mais parecida e fidedigna no filme que irá ser lançado.

Gracie faz cara de paisagem, mas no fundo está morrendo de raiva de ser importunada e invadida a sua privacidade, do seu marido e dos seus filhos, que já estão terminando o colégio e indo para a faculdade.

Elisabeth é sutil, mas ardilosa. Faz questionamentos importantes. Encontrar amigos e até o ex marido de Grace da época.

Tudo é válido para a representação no filme. Mas, ela não contava com alguns desvios de sua parte no tocante à pele.

Na época, Gracie tinha 36 anos, Joe, 13 anos. Gracie chegou a ser presa. Hoje eles vivem muito bem obrigado.

Mas, e a infância e juventude de Joe que não voltam nunca mais ?

Será que era isso mesmo que ele queria?

Falo isso por causa de derrapada que ele deu com Elisabeth, inclusive em uma cena que mostra o seu instrumento na hora do sexo.

O roteiro é inspirado na história de Mary Kay Letourneau , uma professora casada e mãe de quatro filhos que, em 1996, se envolveu com Vili Fualaau, um aluno seu de 12 anos, de quem engravidou e com quem viria a casar-se anos mais tarde.

O filme tem um fato que está gerando uma boa discussão nas redes: A trilha sonora. Composta por Marcelo Zarvos, compositor talentoso e pianista competente.

 No entanto, algumas das músicas foram tiradas diretamente do thriller de romance de Joseph Losey, de 1971, “The Go-Between” ( O Mensageiro). Alguns críticos ironizam dizendo que a trilha é brega e não apropriada para a cena.  E você, te chamou a atenção ? 

Interessante.

Valeu!

" The Old Oak " OU A Xenofobia Que Não Tem Fim


 Assisti ao filme " The Old Oak " de Ken Loach,  que nos traz a história de T.J. Ballantyne (Dave Turner), o  proprietário do pub  Old Oak ,que luta para manter aberto o seu pub, que é o último local de convívio numa comunidade mineira, que já sofreu com várias perdas e agora vive com a miséria no norte da Inglaterra.

Tudo muda com a chegada de um grupo de refugiados sírios, que faz acender tensões raciais, coisas horrendas vindas de um ser humano para o outro na cara mesmo.

Porém, a inesperada amizade de T.J. com a jovem Yara (Ebla Mari), uma das refugiadas, que fala muito bem o inglês e lidera o grupo de refugiados, faz despontar a esperança num futuro mais unido.

Logo na chegada do ônibus, Yara já tem problemas com um morador local que quebrou a sua câmera fotográfica. 

Yara fica desolada, pois foi um presente de seu pai, que está na Síria, desaparecido, não se sabe se morto ou preso.

T.J. acaba se solidarizando com a moça e consegue fundos para consertar a câmera. Uma amizade se inicia.

 Os moradores querem marcar uma reunião no pub para tirarem os sírios dali, mas T.J. resiste, e diz que o salão dos fundos do pub está sem condições de funcionamento.

Ao mesmo tempo, o pessoal da assistência social e Yara querem um local para fazer comida para dar de comer aos moradores locais e aos refugiados e assim formarem uma grande família.

T.J. abraça a ideia e abre o local. Uma grande festa acontece. Os moradores radicais se enfurecem.

T.J. e Yara terão outros problemas pela frente.

Não vejo em lugar algum do planeta facilidade de aceitação de um outro povo no local já enraizado. As pessoas são muito egoístas e ruins mesmo.

Mais uma grande obra do diretor para refletirmos sobre o relacionamento interracial e parece que daqui há 10 anos estaremos postando  filmes como esse. 

Triste.

" Saltburn " OU Um Final Brechtiano




 Primeiro de tudo, eu adorei o filme " Saltburn " da diretora Emerald Fennel, mesmo lendo várias proposições negativas dos " críticos ", que não gostaram da parte final do filme.

Bom, não é porque esses críticos não gostam de um filme que eu não vou gostar também. Explico.

O filme começa com aquele clima de colégio, onde sempre tem aqueles que são mais rechaçados pela galera, e nessa inclui-se Oliver Quick ( Barry Keoghan), que segundo o pessoal usa roupas de brechó.

Só que, certo dia, voltando com sua bicicleta, se depara com Felix ( Jacob Elordi), o cara mais assediado da turma, o mais descolado, que estava com o pneu furado de sua bike e apressado para assistir sua aula.

Oliver não titubeou, assim como emprestou sua bicicleta a Felix, ainda levou a dele para o bicicletário.

Pronto!



Oliver tinha entrado para o grupo de amizades de Felix e assim aceito na escola inteira.

Chegam as férias e Felix convida Oliver para passar com ele em sua mansão em Saltburn.

Oliver vai, chega todo tímido, mas aos poucos vai conhecendo todo mundo da casa, que já tinha o primo de Felix da escola Farleigh ( Archie Madekwe), que não ia com a cara de Oliver talvez por ciúmes e pela repentina amizade dele com Félix.

Sir James ( Richard E. Grant), o pai de Felix e Elsbeth ( Rosamund Pink), sua mãe são bem excêntricos e esquisitões.

Ainda na casa, Venetia ( Alison Oliver), a irmã de Felix, Pamela ( Carey Mulligan) e Annabelle( Sadie Soverall).`

É claro que Oliver se apaixonou por Felix e pela vida que ele leva, com todo esse luxo e luxúria.

O filme a partir da casa de Felix nos traz cenas deliciosamente lascivas e mundanas, sem pecado e sem juízo, e termina com um final apoteótico com a música de Sophie Ellis Bextor ," Murder on The Dance Floor ", com um final tipicamente brechtiano.

Adorei mesmo!

Na Prime Video .