sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

" The Worst Person In The World " OU Não Quero o que a Cabeça Pensa, Eu Quero o que a Alma Deseja.



 Um dos melhores filmes do ano vem da Noruega, com a direção de Joachim Trier, que é " The Worst Person In The World " , terminando uma trilogia, com início em Reprise e Oslo.

O filme conta a história de Julie ( Renate Reinsve), jovem , que não sabe se fica no curso de medicina, faz psicologia ou fotografia.

Ela conhece Lie (Anders Danielsen), com mais de 40 anos, que tenta se firmar na arte dos quadrinhos, e já havia dito que o relacionamento deles não daria certo pela diferença de idade, mesmo assim, a própria Julie insistiu em morar com ele e construir uma vida juntos, mas sem filhos.

Em uma noite de coquetel por causa do lançamento de um livro novo de Lie, Julie dá uma reviravolta em tudo, e acaba por fazer de sua vida uma nova história.



Temos o casal Eivind (Herbert Nordrum) e Sunniva ( Maria Grazia Di Meo), ele, balconista em uma cafeteria e ela entrando para o mundo holístico.

O filme mostra Julie com os amigos de Lie, não gostando muito por não ser a sua praia e nem se interessar pelos seus assuntos.

Temos também um acontecimento triste no final com Lie, que inesperadamente terá  que se superar em todos os aspectos: físicos e emocionais.

Não tem como não se colocar no lugar de Julie e fazer reflexões se também não fomos a pior pessoa do mundo para alguma pessoa, ou até mais de uma.

Achei fantástico o ritmo, a leveza e a atuação de Renate Reinsve, que está em principais listas de premiações, além do filme como melhor de língua estrangeira. 

Imperdível !

" Madres Paralelas " OU Na Bagunça do Teu Coração



Muito bom o último filme de Pedro Almodóvar, " Madres Paralelas", que tem Madrid, como pano de fundo para a história de Janis ( Penélope Cruz), que busca um arqueólogo para fazer escavações em uma região de seu povoado, que segundo ela e seus bisavós, foram enterrados vários deles na época da Guerra Civil Espanhola, sem dó nem piedade, tirando à força de casa e nunca mais voltando.

Arturo (Israel Elejaide), é esse amigo, que é casado e vive em outra cidade, mas, irá ajudar Janis nesse processo.

Aproveitando a deixa, os dois acabam tendo um caso e Janis engravida sem querer de Arturo. Sua filha Cecília nasce e quando ele vai visitá-la, não reconhece o rosto da menina sendo de sua paternidade.



Janis, na maternidade conhece Ana (Milena Smit), uma jovem adolescente que morava com o pai em Málaga e foi estuprada por amigos em uma festa que estava bêbeda e chapada, engravidando de algum deles, o que fez com que o pai devolvesse ela para a mãe em Madrid.

A mãe,Teresa ( Aitana Sanchez Gijon), que é atriz, busca seu espaço ainda nos palcos e sempre foi uma mãe ausente, fica com a menina para cuidar desse processo.

Janis, tem em sua única amiga, Elena ( Rossy de Palma ), o seu porto seguro para ajudá-la com seus problemas.

O filme mostra o drama de mães solteiras, os problemas na maternidade, o pós parto, depressão e como fazer agora que sou mãe, e também um assunto totalmente diferente que é dar uma dignidade aos mortos na Guerra Civil Espanhola, enterrando seus mortos, dando nomes a eles, através de uma escavação, de um estudo que fica gravado na história, manchando uma época em que não se importavam as vidas de seu povo e sim os interesses do governo facistóide.

Destaque para aparição de Daniela Santiago, a Veneno, que fez uma ponta em um trabalho fotográfico na agência de Elena.

Valeu, recomendo !      

" Mass" OU Dor de Amor


 Assisti ao drama " Mass", dirigido por Fran Kranz, que tem em uma igreja, em uma cidadezinha no Idaho, em uma sala do fundo, com uma mesa e quatro cadeiras, todo o seu desenvolvimento.

É que lá, se reencontrarão, depois de tribunais, cartas, ódio, raiva, vingança e dor, duas famílias, constituídas pelo marido e mulher, que tiveram seus filhos mortos em um desses massacres de escolas que acontecem com certa frequência nos EUA.

Só que uma família é de um rapaz que foi morto como outros nove, e a outra é do assassino, resultando em uma tragédia de onze mortos.

Nesse encontro há uma mediadora, Kendra ( Michelle N. Carter) e uma das responsáveis pelos serviços da igreja , Judy ( Breeda Wool) e seu ajudante Anthony ( Kagen Albright ), que deixaram a igreja do jeito que a mediadora pediu, ou quase do jeito, pois as exigências eram grandes.

O filme então começa apresentando os personagens e a dor e a inquietação que demora passar para finalmente entrarem no assunto do fatídico dia e de quem era a culpa, ou por que isso foi acontecer.

Linda ( Ann Dowd) e Richard ( Reed Birney) são os pais do rapaz que assassinou os alunos e Gail ( Martha Plimpton) e Jay ( Jason Isaacs), os pais de um dos rapazes que foram mortos.

O clima é de muita tensão, histórias são contadas, comportamentos colocados á mesa, acusações, choro, mágoa, dor e muita reflexão para quem está de fora pensar sobre um assunto que pode ocorrer em qualquer casa de família.

Assim, foi Mass, com várias indicações em festivais como Melhor Elenco, Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz Coadjuvante para Ann Dowd.

Recomendo ! 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

" Drive My Car " OU A Busca Pelo Sentido Secreto das Pequenas Coisas


 

Vamos a um dos melhores filmes do ano : " Drive My Car ". Por que ? Porque, o seu diretor Ryusuke Hamaguchi nos contempla com um sentimento único, trazendo as pequenas coisas, o íntimo de cada um bem ao fundo, numa mistura de sentimento e juízo bem interessante sobre a nossa própria existência.

O filme conta a história do diretor de teatro Kafuku ( Hidetoshi Nishijima), que é casado com Oto ( Reika Kirishima), que também é diretora e dá aulas a novatos.

O casamento vai bem, os dois trabalham muito e quando Kafuku tem um trabalho em outra cidade, Oto aproveita para dar uma escapadinha no relacionamento, mas, por problemas no vôo, Kafuku volta para casa e presencia a traição da esposa.

Tudo fica bem, ela não percebeu que ele a pegou no flagra e ele também não teve a premissa de falar nada sobre o assunto com a esposa, já que a ama muito.

O casamento seguiu firme, com amor e sexo, até que uma tragédia acontece.

Kafuku é convidado a ministrar um grupo de teatro em Hiroshima, dirigindo " Tio Vânia", peça de Tchekhov que já fez por várias vezes.

Chegando em Hiroshima, é apresentado ao grupo de lá, os produtores, e tem apenas um problema: Ele não pode dirigir enquanto estiver na cidade. Uma motorista é contratada para ir e vir com ele.

Kafuku muito ciumento de seu carro, demora para aceitar a ideia de um mulher o dirigi-lo, mas, acaba por ceder.

O grupo tem início com a seleção dos atores, vêm os ensaios e a vida segue para Kafuku, Misaki (Tôko Miura), sua motorista e confidente depois de muitos dias e Takatsuki( Masaki Okada ), o ator que representará Tio Vânia e que conhece Kafuku por ter sido aluno de sua esposa Oto.

O filme é de uma beleza muito grande. São os pequenos detalhes de dentro de cada um que vão nos revelando quem eles realmente são. As viagens com o carro vermelho de Kafuku por várias cidades e partes do Japão nos dão uma vontade imensa de conhecer a região.

Colocar a peça de Tchekhov dentro de um filme é mais maravilhoso ainda. 

Ou seja: Uma obra prima. 

Claro que já está sendo premiada em todos os festivais e possivelmente terá mais êxitos no próximo Oscar.

Será um novo Parasita ?

Veremos !

  

 


" Uma Noite Na Ópera " OU O Glamour dos Anos 50 na Estonteante Paris.



 Quando vi esse filme em curta metragem saindo na programação do MUBI, logo me interessei. 

Falo de " Uma Noite Na Ópera ", do diretor Sergei Loznitsa, de 2020, que reuniu arquivos quase perdidos em um documento muito especial, mostrando o que de mais era glamourizado na Paris dos anos 50 e 60.

O foco era a Ópera de paris, onde uma multidão ficava de fora só para ver as celebridades e pessoas ligadas aos governos dos países do mais alto escalão chegarem de carros luxuosos, e caminharem no tapete vermelho até a entrada do salão com seus vestidos avultantes e acompanhado de muito luxo.

Podemos citar Charles de Gaulle e outros presidentes, Brigitte Bardot, Rainhas de diversos países, onde sempre faziam o mesmo trajeto para chegarem até o seu camarote.

De Gaulle, o mais central, cada noite acompanhava um presidente diferente com sua esposa.

O teatro, sempre cheio e maravilhoso, tinha na entrada, meninas vestidas com suas roupas de ballet, entregando flores ás senhoras que ali pisavam com seus vestidos.

O espetáculo: Vários, mas, o apresentado foi o de Maria Callas, que por si só, já vale o curta metragem.

Muito bom mesmo, ver tudo aquilo ali e imaginar o que foi esse período. Não sei se podemos repetir nesses dias de hoje, caóticos e sem o mínimo de respeito pelas pessoas.

Valeu o sonho ...

No MUBI. 

" Os Últimos Dias de Gilda " OU Um Trágico Contemporâneo.



 Excelente a minissérie em quatro episódios " Os Últimos Dias de Gilda ", com a direção de Gustavo Pizzi.

Gilda ( Karine Teles) mora em uma rua de casas como se fosse uma vila, mas, com gente muito conservadora e preconceituosa, onde reina um pastor, que acaba de se candidatar a vereador .

Ismael ( Igor Capagnaro) é casado com Cacilda ( Julia Stockler) e tem a comunidade inteira a seu favor, menos Gilda e o pessoal da casa de candomblé, que não querem misturar política com religião e com a vida social das pessoas. Eles não  acreditam nessa ladainha.

Esse impasse leva Gilda a sofrer na vila, pois ela é uma mulher falada, já que é solteira e leva vários homens para a sua casa, inclusive casados, tendo a fama de ser puta.

Ela tem seu trabalho, ganha o seu dinheiro, vive bem, bebe sua cerveja e é muito feliz no trato que dá aos homens, dando carinho e amor. E eles gostam demais. 

Que digam os personagens de  Antônio Saboia( Deserto Particular) , Lucas Gouveia, João Vitor Silva ...

Na casa do candomblé temos a atriz Dida Camero, que é excepcional e gosto sempre quando a vejo em cena.

Em destaque Ana Carbatti, atriz que faz uma amiga de Gilda, Erom Cordeiro, um policial da milícia que toma conta da rua e à força quer impor os princípios da Bíblia e de Deus, tirando os que não estão com ele e Digão Ribeiro, figura já carimbada em vários curta metragens, filmes e minisséries.

Gostei demais da minissérie, principalmente da atuação de Karine Teles. Vale a pena assistir.

Ou você vai pelo Canal Brasil ou pela Globoplay.

 

" Al Berto" OU O Amor é Uma Conexão Interrompida. Não Há Ninguém Perto de Você.



 Assisti ao filme português " Al Berto" de Vicente Alves do Ó, que gira em torno da volta de Alberto de Bruxelas e seus amigos da pequena e conservadora Sines.

O filme conta a história de Al Berto , o poeta, no período de 75-78, exatamente após o retorno do seu exílio.

Al Berto volta para o casarão que foi de sua família e está desapropriado, como muitas outras casas em Sines também estão.

Lá, ele reúne seus amigos de farra, cantoria, bebedeira e poesia e fazem a festa. Mas, a vizinhança não aprova esse tipo de festa.

Al Berto( Ricardo Teixeira ) se envolve com João Maria ( José Pimentão) e isso causa o maior barulho na cidade por causa de seu pai.

Os dois vivem aos beijos, grudados, sem pudor algum, exalando amor e sexo. 

A cena no casarão chega ao ponto de não dar mais para a cidade de Sines, que quer que os gajos se mudem dali à força.

O momento não é bom para Al Berto, que tem sua livraria arrombada, e o seu namoro com João Maria em suspensão por causa de uma traição.

Gosto dos filmes portugueses, de seus detalhes, de suas encenações, de seu colorido, de seu despudor e de seus atores, sempre prontos para darmos a melhor atuação. 

" Respect " OU A Vida da Excepcional Cantora Aretha Franklin


 Assisti finalmente ao filme "Respect" de Liesl Tommy, que conta a vida desde pequenininha de Aretha Franklin.

Skyle Dakota Turner ( Aretha Menina) era excepcional, e seu pai Clarence.L. Franklin, que era pastor em Detroit, em todas as reuniões chamava a menina para cantar uma música.

A menina Aretha fazia o maior sucesso entre os grandes, mas, isso também teve uma consequência, pois aos 10 anos, ela estava grávida. Abuso ? Quem foi ?



O primeiro namorado dela foi Ted ( Marlon Wayans), mesmo com a contrariedade do pai. Ele tornou-se seu empresário e veio mais um filho. Quem cuidava era a avó paterna.

Aretha depois teve um segundo namorado, Ken ( Albert Jones) e mais um filho. O sucesso estava a galope. Disco após disco. Aparições em shows e Aretha se tornara uma grande cantora.

Um de seus amigos Martin Luther King ( Gilbert Glenn Brown) era um de seus maiores apoiadores. Morreu assassinado. Um grande choque na época.

Mas, nem tudo foram rosas na vida de Aretha. Filhos, homens, bebida, fracassos, problemas com a família , com os produtores, o seu temperamento difícil,  mas, vida que segue.

É isso, quase sempre assim, uma grande parte da vida desses famosos. Uma pena.

" Não Olhe para Cima " OU Qualquer Semelhança Com a Realidade .... / Filme que Americano Gosta/Netflix




 Valeu a espera e ter assistido " Não Olhe para Cima ", de Adam McKay, no primeiro dia de lançamento na Netflix.

Adorei o filme, acho que é o tipo de filme que americano gosta, e qualquer semelhança com a polarização que vivemos tanto lá, nos EUA, quanto aqui, no Brasil, é mera semelhança.

Kate Dibiasky ( Jennifer Lawrence), doutoranda e o Dr Mindy ( Leonardo di Caprio), responsáveis por observar as estrelas e os astros, suas mudanças, movimentações e fazer estatísticas, cálculos, descobrem que um cometa de quilômetros se aproxima da terra e em seis meses haverá uma colisão fatal, que destruiria toda a nossa casa. 



Os dois entram em pânico e avisam o Dr Teddy ( Rob Morgan), responsável por um departamento de segurança, que marca uma reunião urgente na Casa Branca com a Presidente dos EUA.

Eles não são levados a sério na reunião de poucos minutos e ainda chacoteados pelo filho da Presidente ( Merryl Streep).

Eles então resolvem ir para à TV, em um programa sensacionalista com a apresentadora Brie ( Cate Blanchett), e também não foram levados a sério.

A coisa só mudou, quando a presidente realmente consultou seus contatos de universidades mais condizentes e precisas, segundo ela, e viram que o Dr Mindy estava correto.

Conclusão : O cometa iria mesmo colidir com a terra.

Mas, um tal de Peter Isher ( Mark Rylance) poderoso dono de uma empresa de telefonia com tecnologia mil, quer tomar conta do negócio com destruição do cometa através de drones, e é essa a ideia a ser levada em consideração.

O filme ainda tem Ariana Grande como Riley, em briga com seu namorado Dj e Timothee Chalamet que faz um rapaz descolado, que acaba por namorar a Kate, chamada por louca pelo país inteiro pelos seus surtos.

O final é bem legal, interessante a política no meio disso tudo desde o início, a polarização, e todo mundo se ferrando no final. 

Não deixe de assistir até o final dos créditos que tem cena engraçada .

Na Netflix !