Muito interessante a entrevista de Rodrigo Faour com Cézar Sepúlveda, um carioca de Niterói, que aos 11 anos pegava a barca para o Rio e ai para a praça Mauá, ficava na porta da Rádio , queria entrar no show vespertino da Marlene, a aos poucos, fez amizades com o fã clube da cantora que o colocava para dentro do auditório.
Em certo momento, foi reconhecido pela própria cantora, que ela mesma o colocava para dentro, protegendo -o de certa forma.
Marlene sempre teve um carinho muito grande com os gays, surgindo depois uma grande amizade entre os dois .
Cézinha contou sobre suas idas à Cinelândia, onde junto com o menino Astolfo ( Rogéria), escolhiam qual filme iriam assistir naqueles lindos e grandes cinemas.
Fala de toda essa época, onde formou-se uma turma, que foi muito contestada, e a qualquer momento a polícia batia , e levava-os à delegacia. Ele mesmo foi três vezes !
Foi na Cinelândia e nessa turma que surgiram Rogéria, Valéria,Jane di Castro, Veruska, Marqueza, Brigitte de Búzios e outras, onde algumas delas tomaram o caminho da Europa e foram brilhar fora do País.
Cézinha foi o único a não se transformar em travesti. Trabalhou de pois como maquiador, historiador, memorialista. Teve um caso com um homem por mais de 20 anos. Conta como foi a decepção depois do término, o que a família do companheiro fez com ele, tirando tudo, ofendendo-o e tratando -o como um monte de merda.
Conta também dos bailes de carnaval, na Praça Tiradentes, dos travestis, de Eloiná, que foi a primeira rainha de bateria, em 76, de vários artistas internacionais que iam para o Rio e eram um escândalo nos bailes .
Fala também das musas dos gays, dos artistas internacionais da época, de como a censura e a ditadura os repreendiam na cidade, de ter conhecido as boates da época, da amizade com Marlene e Rogéria, do preconceito dentro da própria comunidade gay, e da efervescência que ocorria no Rio na década de 60 e 70.
Acredita que hoje tudo se acabou. Não existe mais esse glamour, essa festa, essa cena, e que os dias atuais são bem piores do que naquela época.
Com mais de 70 anos, o historiador carioca dá uma aula de história cultural carioca, com uma fluência e uma memória perfeita, de dar inveja a muito jovem de 20 anos .
Valeu a pena ter assistido a entrevista em 2 partes, e ter conhecido essa personalidade.
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