sexta-feira, 8 de maio de 2020

"O Abraço da Serpente" OU Filme Colombiano Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016



Com a direção de Ciro Guerra, assisti ao filme "O Abraço da Serpente", filme colombiano indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2016.

O filme tem duas fases distintas, e com o mesmo xamã, que vive isolado, e longe de sua tribo Cohiuanos, que para ele foi dizimada pelo homem branco. o xamã é o último dos sobreviventes.


Nas duas fases, ele recebe antropólogos estrangeiros, em busca de um planta milagrosa, com altos poderes de cura de doenças.

Baseado em histórias reais e também ficcionais, tem o contraponto do índio x homem branco, onde o índio entra como observador da natureza, com sua intuição, sonhos e o homem branco, com a ciência.

Quando jovem, Karamakate (Nilbio Torres), recebe a vinda do alemão Theodor Koch Grunberg( Jan Bijvoet), em uma situação deprimente e quase à beira da morte, um caso de malária.


Theodor, chega de canoa com seu colaborador Manduca ( Yauencu Migue), que o acompanha em suas viagens em busca de conhecimento sobre os índios, que usam o sol para se orientarem durante o dia e a lua e as estrelas durante a noite.

Ele já foi visto por outros xamãs, mas, nenhum conseguiu fazer com que ele melhore, somente Karamakate poderá ajudá-lo com a planta Yakruna . Os dois entram em um acordo para sair em uma expedição , junto com Manduca em busca dessa planta que está em extinção e é bem rara .


A planta Yakruna é ficcional, não existe essa espécie, mas, simboliza as mais de 33000 de plantas medicinais encontradas na Amazônia.

Na viagem psicodélica, porquê não , momentos críticos no rio,que simbolicamente, é a serpente para os índios, mostram como a natureza tem a sua força, assim como a catequese de jesuítas portugueses com crianças indígenas, não me pareceu nada educável e sim impositivo, sendo proibido até falar a língua mãe dos mesmos.


No contraste entre os dois mundos, tudo é razão para se pegar uma arma e apontar na direção do outro. Impressionante como desde cedo isso já não era um encontro tranquilo.


A yacruna seria a porta para o homem branco entrar nesse universo indígena, e o diretor usa o cinema para enxergarmos outras formas de ver o outro.

Na fase mais velha, Karamakate (Antonio Bolivar), já um senhor esquecido, mas, que continua a viver sozinho, porém mais experiente e apaziguado, recebe a visita de um botânico americano, Richard Evans Schultes (Brionne Davis), que após ler o livro de Theodor, parte para a Amazônia para essa aventura , também está interessado em conhecer e encontrar a planta Yakruna .


Karamakate, agora velho, é um espírito oco, pois perdeu a identidade de seu povo, tanto é que tem que escrever em rochas para não poder perder todo o seu conhecimento.

Me deixa um pouco sem juízo todo esse passado e história de vida indígena, não sei se é apenas uma coisa bucólica, corpos pintados, cultura da subsistência, em contraponto de fatos ruins sempre mostrados em filmes e documentários que eu assisto. Converso com amigos e a maioria conhece histórias de pessoas que trabalharam em aldeias e não tiveram uma boa experiência.


Voltando ao filme, a fotografia é belíssima, todo em preto e branco, parece que viajamos juntos com os personagens da história .

Destaque ainda para a exploração da borracha, expansão do colonialismo português na Amazônia e o genocídio dos povos indígenas.


Filme obrigatório, de excelente qualidade e assimilação para o entendimento desse duo homem branco x índio.

Eu recomendo !



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