sábado, 7 de março de 2020

"Pássaros Na Vidraça" OU Peça Escrita Por Américo Rosário de Souza


Recebi um convite de uma peça através de uma amiga que iria encená-la, dizendo ser bem interessante.

Fomos conferir no Teatro Municipal de Sertãozinho, em homenagem à semana do Dia Internacional da Mulher, a peça " Pássaros Na Vidraça", escrita por Américo Rosário de Souza, em 1969.

A peça é encenada por duas mulheres fortes Fernanda Cornetta e Dinha Malaquias, e o texto mesmo escrito há 50 anos, é bem atual.


A peça fala de duas mulheres, uma com mais idade, madura, negra e outra mais jovem, despojada, loira, que se encontram em uma estação de trem .

A mulher negra compra sua passagem para Garça-SP, e a mulher loira, para São Paulo, mas, para o dia seguinte, pois nesse dia, ela estaria esperando uma pessoa que viria de São Paulo para passar uns dias na fazenda dos pais.

A mais jovem puxa conversa, pede para a outra olhar sua bolsa, pois iria ao toilete, depois ao bar comprar algo e sempre voltava bem decidida, contando suas histórias, sua paixão pelo tio de São Paulo, o namoro com o Carlão, que mora na capital e outras coisas mais.


A mulher mais contida, a escuta, presta bem atenção e sente algo diferente em ouvir tudo aquilo ali.

Na verdade, essa mulher morava em Barretos e depois se mudou. É professora primária e tem uma vida difícil.

No momento não namora ninguém, diferente de Eliana, a moça que gosta de montar cavalos e não tem amarras no que fala.

O texto é muito bonito, com concordâncias, palavras e termos até que rebuscados, dando um valor a mais a quem o escreve.

A história tem o seu clímax com o estranhamento das duas mulheres, o trem está atrasado e quando chega, cada uma segue o seu caminho.


Enxergava essa história de várias maneiras : Com dois homens, com uma mãe e um filho, ou com qualquer dupla que pudesse contar qualquer história em qualquer outro cenário ... Gostei muito de várias situações terem passado pela minha cabeça. É essa a função do teatro .


Dinha Malaquias, para mim, era uma atriz global. Simplesmente fantástica, com uma dinâmica e expressão facial difícil de ser visto em qualquer outro ator. Adorei !

Fernanda Cornetta, é forte, precisa , experiente e tem seu melhor momento quando chega à conclusão de tudo aquilo ali, chegando a me arrepiar.

Como disseram no teatro, a iluminação foi perfeita e na cena final teve o seu ápice.

A trilha sonora é nostálgica e bem antiga. Acho que poderia vir com um volume um pouco mais baixo.

Gostei muito e parabenizo o escritor do texto e as duas atrizes por um lindo espetáculo.

Valeu a pena !

Eu recomendo !

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