O objetivo desse blog é poder compartilhar o que foi visto em espetáculos e shows , os filmes assistidos , os lugares visitados , cidades, Países , além da vida noturna e muita música ilustrando tudo isso .
terça-feira, 20 de junho de 2017
"Madame Satã - O Musical " OU Desafios de Um Negro, Pobre e Homossexual
Ufa! Depois de três dias para tentar pegar o ingresso no Caixa Cultural , às 9 horas , consegui o meu para assistir ao Musical "Madame Satã " do Grupo Dos Dez, com a direção de João das Neves .
Estava quase desistindo, mas, no terceiro dia, acordei e nem tomei o café da manhã para chegar lá e ficar na fila para esperar abrir e pegar o convite.
Valeu a pena !
A apresentação começou nas calçadas em frente ao prédio da Caixa , com as prostitutas, travestis e os malandros , zanzando prá lá e prá cá , mexendo com as pessoas, fazendo graça, tocando uma viola , o que durou pelo menos uns 20 minutos.
A farra acabou, quando a travesti foi abordada por um cara de moto que lhe proferiu umas facadas e ela caiu na sarjeta.
O corpo estendido no chão , imóvel e todos foram para dentro do teatro .
Um tempo para o início , com a própria travesti, na fala , dizendo que é assim na vida real : A travesti no chão , jogada e ninguém faz nada, ninguém se move nem para ver o corpo e levar para um local digno . Esse é o destino de um travesti no nosso país.
O musical nos traz reflexões desde o começo, com a origem pobre e marcada de João Francisco dos Santos, trocado por gado na infância e o menosprezo pela sua homossexualidade de uma sociedade dura e vil na Lapa dos anos 20.
O Grupo Dos Dez traz em cena um resgate do livro "Memórias de Madame Satã" de Sylvan Paezzo como ponto de partida para a criação do espetáculo.
A trilha sonora é toda original, composta pelos próprios musicistas e atores do grupo, com atuação ao vivo , de um bom gosto incrível .
No final, o que vimos é um retrato forte e atual do nosso Brasil. ainda marcado pelo ódio ao negro, pobre e homossexual e mais ainda pelos travestis e trans .
Destaque para o artista que fez a travesti, que na vida real é também um travesti , dando assim uma grande oportunidade de uma gente oprimida e sem opção no mercado de trabalho a fazer cultura e também a todo o elenco negro, coisa difícil de se ver em cena .
Valeu muito a pena !
Eu recomendo !
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